50 questões
50 questões
E a vida depois da morte?

Só pode falar da vida depois da morte aquele que já conheceu a morte. Os livros ou os filmes recentes que abordam este assunto, apoiam-se nos testemunhos de pessoas que não estavam mortas de fato. Estes testemunhos não podem mais do que sinalizar uma forma particular da consciência humana em certas situações limite (coma, "morte-aparente", etc.). A maior parte regressa com vontade de mudar de vida.

Jesus morreu e segundo o testemunho dos seus discípulos ressuscitou. No Evangelho de São João, Ele afirma: "Quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em Mim nunca morrerá".

Que nós ressuscitamos como Jesus é, portanto, objeto de fé. O Credo fala da ressurreição da carne. Isto significa que depois da morte nós continuamos a viver com tudo o que somos: com a nossa história, o nosso "eu", centro da nossa personalidade, mas também com o nosso corpo. Este último numa nova criação, mas é do mesmo jeito o nosso corpo. São Paulo faz uma comparação com uma planta que cresce a partir de uma semente: é a mesma planta, mas completamente nova. Depois do batismo, a "espiritualização" do nosso corpo já começou. O que existe agora não será destruído ou substituído por outra coisa diferente, mas purificado, transformado, ressuscitado.

Para falar "do céu", a Bíblia serve-se de imagens de felicidade, as mais intensas que alguma vez conhecemos: participação no banquete do Reino, estadia na luz, na paz, na alegria.Esta vida eterna consiste numa eterna relação de amor com este Deus que nos ama de maneira extraordinária, e para sempre! Todo homem é chamado a isto; e só se exclui aquele que deliberadamente renunciar a Deus.

Esta vida nova não é só para depois da morte. Ela é acessível desde já. Porque por Jesus, o Reino está no meio de nós.

Testemunho

Há um ano, eu festejava as minhas oitenta primaveras em plena forma, segundo o que todos diziam. Hoje já não é a mesma coisa... Uma série de complicações físicas, sinal de uma descida rápida, aumento da fragilidade... e a morte, a minha morte, que se aproxima... Terei eu medo de a ver chegar? Sim, durante um momento, quando me coloco a questão: "Que tipo de morte terei eu que sofrer? Será que estou pronta a acolher a minha morte, qualquer que seja a situação de saúde?"

Mas depois me vem este pensamento: "Volta-te para Maria, tê-la como acompanhante é um privilégio; ela é tua acompanhante desde já, e continuará a sê-lo na hora da tua morte".

Se eu não tenho mais medo da morte, devo-o a esta certeza da presença de Deus que ama, ao longo de toda a minha vida. Sim, Deus velou por mim e me deu sinais.

Neste momento há uma frase da Escritura que me conforta muito: "Façamos o homem à nossa imagem" (Gn 1,26). Deus deseja fazer-me entrar na comunhão de amor que se vive entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ele quer partilhá-la comigo também, eu, uma pobre e pequena mulher!

O céu não é mais do que isso. Eu vejo, portanto, a minha morte como a passagem obrigatória que me conduz à etapa de purificação, pela qual eu desejo entrar no Reino. É apenas uma penúltima etapa, para a qual Deus me pede para eu me preparar, afastando-me pouco a pouco de tudo o que me impede de avançar para Ele.

Eliane


Tudo endireita reserved © Copyright AVM 1997-2003. - Escrevam-nos!